2019 não será um ano fácil para nós. E o conhecimento será, mais uma vez, nossa melhor defesa. Em momentos de crise, é necessário recordar a nossa história e manter vivas as lembranças de momentos horríveis que nosso país viveu para que não se repitam. Selecionei alguns filmes que contam um pouco dessa história, pedaços de uma narrativa que precisamos ter em mente:
Que bom te ver viva (1989)
Dirigido por Lúcia Murat
Lúcia Murat, nascida em 1948 no Rio de Janeiro, é uma cineasta e ex-integrante da luta armada contra a ditadura militar. Em seu longa Que bom te ver viva, Murat narra sua experiência na prisão e as torturas que sofreu. O filme mescla sua própria história com depoimentos de outras mulheres que lutaram contra a ditadura. Este talvez seja um dos melhores filmes brasileiros sobre o tema.
Marighella (2012)
Dirigido por Isa Grinspum Ferraz
Isa Grinspum Ferraz é sobrinha de Clara Charf, viúva de Carlos Marighella. A cineasta reuniu durante muitos anos material suficiente para gravar esse documentário. Com depoimentos de Clara, do filho Carlos Augusto Marighella, de antigos militantes e de intelectuais como Antônio Cândido, a diretora conta a história do líder comunista, assassinado pelo delegado Sérgio Fleury, em 1969. A música que encerra o filme foi composta por Mano Brown.
Eles não usam black-tie (1981)
Dirigido por Leon Hirszman
O filme foi baseado na peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri. O roteiro, também assinado por Guarnieri, conta a história de uma família durante um movimento grevista que se inicia numa empresa. Tião, preocupado com sua namorada que está grávida, decide furar a greve para não perder o emprego. A greve é liderada por seu pai e isso gera muitos conflitos, enquanto o país vive sob a ditadura militar.
Trago Comigo (2013)
Dirigido por Tata Amaral
Remontagem da série que Tata Amaral fez para a TV Cultura em 2009. O filme traz Telmo, um diretor de teatro, ex-militante estudantil, que escreve uma peça para recordar seus dias de resistência e luta armada. Um filme sobre a importância de não esquecer a nossa história.
Histórias que nosso cinema (não) contava (2018)
Dirigido por Fernanda Pessoa
Pessoa reuniu cenas de diversas pornochanchadas, gênero de cinema que fez muito sucesso no Brasil durante o regime militar, que recontam a história que o país estava vivendo naquele momento. Essas cenas retratam as torturas, a violência do Estado, a luta armada e a economia brasileira.
Repare Bem (2013)
Dirigido por Maria de Medeiros
Com uma câmera estática, Denise Crispim e sua filha Eduarda contam os horrores que sofreram durante a ditadura militar. Ambas recordam a história de Eduardo Collen Leite, conhecido como Bacuri. Ele foi um militante que passou 109 dias em poder da ditadura, sob todo tipo de tortura, até ser executado.
Zuzu Angel (2006)
Dirigido por Sérgio Rezende
O filme conta a história de Zuzu Angel, estilista brasileira, mãe do militante Stuart Angel Jones, que foi assassinado pela ditadura militar. Zuzu partiu em busca de explicações e do corpo de seu filho, até que morreu em um acidente de carro na Estrada da Gávea, em 1976. Antes, deixou um documento com Chico Buarque, em que dizia que se algo lhe acontecesse, seria obra dos assassinos de seu filho.
Hoje (2011)
Dirigido por Tata Amaral
Baseado em livro de Fernando Bonassi, o filme conta a história de Vera, uma ex-militante que acaba de se mudar para um novo apartamento, que comprou com a indenização que recebeu do governo em decorrência da morte de seu marido Luiz. Ali, ela passa a recordar sua vida durante a ditadura militar.
Diário de uma Busca (2010)
Dirigido por Flávia Castro
A diretora busca histórias de seu pai, Celso Afonso Gay de Castro, morto em 1984, durante um suposto assalto, no qual a versão final é de que ele, junto com um amigo, teriam se suicidado após um cerco da polícia. Ao narrar histórias pessoais, Flávia de Castro conta mais um pouco do período absurdo que o Brasil viveu.
Michelle Henriques escreve sobre cinema e literatura. É uma das coordenadoras do Leia Mulheres e criou, ao lado de Emanuela Siqueira, o projeto Cine Varda.
Ilustração de Sumaya Fagury
0 Comments