Quarantine
The Earth will devour us one day
But not now.
I step outside: succulents slumber under
A veil of spider web. A young rain teases the neighbor’s cat.
Each instant is different, everyone is different
And we are stuck inside the days.
I snap photos of the sky with my phone
To see what is here.
A crow lands on a lamppost
Closes its wings and yells at me.
It doesn’t want to live forever on my phone
It flew over eternity once, found it lonely.
It wants what the ants want, what the
roaches beneath the floorboards want: a bellyful of
summer, evenings lit by fireflies & ripen fruit.
I want to know the words to get
Death out of a poem.
Do you know the words, I ask the crow.
With a flap of its night wings, it flies away
It’s just me again and miles of a sky
Empty of airplanes and the moon.
Quarentena
A Terra nos devorará um dia
Mas não agora.
Eu vou lá fora: suculentas descansam sob
Um véu de teia de aranha. Uma chuva jovem provoca o gato do vizinho.
Cada instante é diferente, todo mundo é diferente
E estamos presos dentro dos dias.
Eu tiro fotos do céu com o celular
Para ver o que está aqui.
Um corvo pousa em um poste
Fecha as asas e grita comigo.
Não quer viver para sempre no meu telefone.
Já voou sobre a eternidade uma vez, achou solitário.
Ele quer o que as formigas querem, o que
As baratas sob as tábuas do assoalho querem: uma barriga cheia de
Verão, noites iluminadas por vagalumes & frutos maduros.
Eu quero saber as palavras que tiram a
Morte de um poema.
Você sabe as palavras, eu pergunto ao corvo.
Com o bater de suas asas noturnas, ele voa para longe
Sou só eu de novo e quilômetros de um céu
Sem aviões e a lua.
Poema e tradução de Flávia Stefani Resende, escritora e mestranda em Criação Literária na Universidade de Las Vegas (UNLV), nos Estados Unidos.
Imagem: Yanagi ni karasu (c. 1868/1900).
0 Comments